Assim falou Agostinho.
Nos ensinam os dicionários que orador é aquele que ora ou discursa em público e como discurso não é o nosso tema, isto me induziu a trazer para juntos compartilharmos, as palavras de um ser humano que um dia encontrou a iluminação espiritual. Um filósofo, orador, um pagão, um pecador que por Graça Divina se converteu.
É dele, esta exegese sobre a Oração: “Só no recolhimento de uma vida oculta é que podemos gozar e amar a beatitude da verdadeira felicidade. No recolhimento, sobrevém aquela alegria genuína e profunda que nada tem com aquilo que geralmente se chama alegria. Bondade, amor, piedade, inocência do coração, modéstia, domínio sobre ti mesmo – são coisas que deves possuir sempre: na vida pública e na solidão; no meio dos homens e a sós contigo em casa; na conversa e no silêncio; no trabalho e no repouso. Sempre deves conservar estas coisas – e tudo isto está no teu interior. Entra no teu íntimo! Não vás para fora – entra em ti mesmo! No homem interior é que habita a verdade.
No recesso da Alma racional, bem no homem interior, aí é que deves procurar e implorar a Deus. É ali que Ele quis habitar. Os homens clamam – Ele, porém, ensina no silêncio. Os homens falam com palavras – Ele, porém, fala com pensamentos de discreto mistério. Fala ao espírito do homem, não exteriormente pelo ouvido e pela vista, mas interiormente pelo coração. Não é com palavras, não é com letras que a Verdade costuma falar. Aos corações atentos, ela fala no interior, ensinando sem ruído, iluminando com a Luz do Espírito. A oração é um clamor da Alma e não da voz ou dos lábios. É no íntimo que soa este clamor – e Deus o ouve.
Quantos são os que clamam com a voz - e são mudos no coração! Falar muito na oração é lembrar desnecessariamente o necessário – ao passo que orar muito é bater, com o Espírito perenemente piedoso, à porta daquele ao qual oramos. E isto se faz antes suspirando do que discursando, antes chorando do que falando. Muito amor, não muitas palavras – seja esta a tua oração!”
Palavras de Agostinho, nascido em Tegaste, norte da África, na atual Argélia, em 354 e que a Igreja Católica santificou, como Santo Agostinho. Converteu-se cristão aos 32 anos. Tornou-se monge, sacerdote, bispo. Morreu aos 76 anos, em Hipona, também na atual Argélia.
Então seu Dedé...
ResponderExcluirTenho em Agostinho um dos referenciais de minha conduta cristã.
Santos são aqueles separados pelo Senhor para exemplo e serviço aos que carecem da Santa Palavra no coração, pois é ali que Ele habita.Assim como eu, você e tantos que nos leem.
Parabéns pela postagem e que esta possa atingir muitos corações levando-os ao centro da vontade de Deus e desta forma tornando-os participantes da Sua santidade.
Anselmo disse...
ResponderExcluirAgostinho nos remete a um dos mais sublimes ensinamentos, o de oração por meio de introspecção, ou oração com o coração, cingindo os lábios e impedindo que, por vezes, palavras desnecessárias sejam proferidas, falando muito mais com a pureza dos sentimentos, esta é a forma ensinada com muita propriedade. Mas traçando um paralelo ainda com a palavra “orador” percebemos que este método é o caminho para a purificação pessoal, impedindo a disseminação destes conhecimentos. Daí então a necessidade do Orador esclarecido e pronto para ser o multiplicador dos ensinamentos com a profundidade necessária. O Orador passa a ser então o instrumento que liga o divino ao que não é divino, sendo parte imprescindível no processo evolutivo como Agostinho foi a sua época, e tantos outros com maior ou menor intensidade. Desta forma, a necessidade de se encontrar na sociedade um ser de ligação é tão imperiosa que a busca acaba sendo cotidiana. Então só me resta dizer: ainda bem que temos a oportunidade de encontrar pessoas que nos brindam com ensinamentos profundos como este. Por este motivo você sempre será para mim um valoroso Orador.
Anselmo