domingo, outubro 25, 2009

07/10/2009.
De volta ao consultório.

E de volta ao consultório da minha psicanalista, a Dra. Ana Lisa, ela me recebe com aquele sorriso “monalisístico”, ou seja, ambíguo, nem sim e muito menos não... - Olá, Dedé! – e apontando o divã - fique à vontade. Deite-se. Acomodando minhas escoliose e lordose, refestelei-me naquela peça antiquada de um marrom desbotado. Bem em frente, uma foto da doutora quando mais nova. Bonita, loira, olhos verdes. Agora, o tempo já havia deixado suas marcas mas, cá entre nós, não havia lhe tirado a essência da beleza. Ela sentou-se na poltrona estrategicamente colocada atrás. Começava a sessão: - Acho que estou progredindo. Já posso compreender e entender mas ainda não aceito certos acontecimentos que antes me deixavam muito estressado. - Explique melhor. - Esse caso agora do MST no interior de São Paulo. Os militantes invadiram uma fazenda, se instalaram e, de quebra, começaram a derrubar a plantação de laranjas. Foram cinco mil pés. Imagine doutora, com um trator eles iam lançando por terra toda uma seqüência de trabalho, ou seja, do plantio da muda até o crescimento, floração e maturação dos frutos. - Barbaridade, Dedé! – disse ela com o típico sotaque gaúcho (eu ainda não havia contado pra vocês que ela é de Vacaria, no Rio Grande do Sul). - E acrescentei: - Esse tipo de ação vai exatamente contra o que, supostamente, eles querem, a reforma agrária. - Veja bem – disse eu, torcendo o pescoço pra tentar enxergá-la – eles alegaram que fizeram isso para plantar feijão que dá muito mais “sustança”... - Bah! Pelas barbas de Freud! - E, trocando de lugar comigo, divagou: se eu bem entendi, eles vão plantar feijão, preparar uma suculenta feijoada e só estará faltando o acompanhamento principal: as laranjas. Isso sem falar na caipirinha que eles já estão tomando, é claro. Depois dessa e antes que ela começasse a explicar, psicanaliticamente, as razões dessa bandalheira, levantei-me sorrateiramente e fui embora, antes que a mandasse... ... plantar batatas!

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