“Não há
florestas de ipês. Há ipês nas florestas. Um aqui, outro lá... Como não há
multidão de amigos. Há amigos na multidão. Raros, consistentes, mas poucos. O
ipê marca sua presença na paisagem, como o amigo marca sua presença na
memória... No ipê, a flor é frágil e passageira. O tronco é sólido e
resistente. O tronco é a alma. A flor é a palavra. No amigo, mais que na
palavra é na alma que se apoia o coração que busca. Mais importante que aquilo
que diz é aquilo que é... O ipê chama a atenção, mas não se exibe. Cumprida sua
tarefa, ele se perde na vegetação que o cerca. Com humildade e discrição.
É assim
o amigo. Presente na hora exata, não alardeia a amizade que oferece. A amizade
é uma sintonia do espírito. Não é um cartaz colado na testa, nem um rótulo
fixado no exterior.
O ipê
nada pede. Nasce espontâneo e não fica a exigir cuidados.
Como o
amigo, que não é interesseiro. Porque amigo que se move em troca de favores não
é amigo. O amigo nunca deve e nunca cobra. Ele apenas é. E nisso está sua
característica. O amigo não se deixa vencer em generosidade. A prestatividade e
a solicitude são para ele como o respirar. Brotam do seu ser com a naturalidade
que nunca parece exigir esforço, sem aguardar retribuição.
Entre
tantas lições que nos dá o ipê, esta, a da amizade é das mais preciosas. Não é
rico, porque não tem frutos. Consegue ser amado por aquilo que é e não por
aquilo que tem...
Ele vem
dizer, todos os anos, que a amizade é um tesouro. Como o ouro da cor que o
reveste... esse mês, quando o ipê retorna, é o mês que me lembra o melhor amigo
que tive: meu pai. Que me habituou a valorizar as coisas sólidas e
consistentes, perenes, com as quais se pode contar. Que a traça não corrói e a
ferrugem não desgasta. Que começam na terra e passam para a eternidade.
Cultive
a amizade. Ela dura sempre. Os aplausos fugazes morrem e os elogios vazios
desaparecem. Mas ela é forte como o tronco do ipê. É como a vida que não
desiste. É o suporte de todas as outras coisas. E dá valor a todas elas”.
Trechos do livro "O Tomate, O Ipê e Outras Histórias", do padre João Baptista Zecchin.
Espetacular, meu amigo!
ResponderExcluirMuito obrigado "cumpadi". Estamos juntos.
ExcluirEspetáculo!!!
ResponderExcluirMuito obrigado, Marcus. Abraçào.
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