segunda-feira, julho 16, 2012

AQUELE QUE ERA SEM NUNCA TER SIDO.


E Demóstenes Torres foi cassado por quebra de decoro parlamentar. O arauto da ética, o paradigma da democracia, dos bons costumes, perdeu o cargo de Senador da República. 56 senadores votaram a favor, 19 contra, 5 abstenções e uma ausência.

Duas perguntas ficam martelando nossa cabeça, sem encontrarmos a resposta.: quem seriam os 19 que votaram contra a cassação? E os 5 que se abstiveram?

Pensando bem, cabe até uma outra pergunta. Esses 19 do Senado poderiam ser chamados de coniventes, cúmplices e favoráveis ao comportamento do ex-senador?

Não é necessário um raciocínio mais aprofundado para chegar-se à conclusão de que, se votaram contra a perda do mandato, é porque, no mínimo, concordam com a postura de Demóstenes; apoiaram a forma de agir, estão a favor da presumida ética, da moral tão alardeada no púlpito da mais alta instância do legislativo brasileiro.

E o que dizer dos 5 que não votaram?

Popularmente, "ficaram em cima do muro... nem a favor, nem contra... muito pelo contrário..." Simplesmente, deixaram - sabe-se lá por quais razões - de emitir suas opiniões.

Todos esses nossos representantes no Senado se escudaram nessa excrecência chamada: voto secreto em processos de cassação.

O que apenas conhecemos é um único nome, justamente daquele que faltou à sessão, o maranhense Clóvis Fecury do DEM, licenciado para tratar de assuntos particulares.

Nada melhor, neste momento, para lembrar que "palavras são palavras, nada mais do que palavras". O exemplo e as ações é o que, de fato, importam.

Enfim, Demóstenes volta a ocupar seu emprego como Procurador de Justiça no estado de Goiás, cargo que lhe renderá o salário de 24 mil mensais e o suplente, Wilder Morais já assumiu o cargo, ele que é, além de filiado ao DEM-GO, nada mais nada menos, do que ex-marido da mulher de Carlinhos Cachoeira, o pivô de todo este imbroglio!

Seria uma troca de 6 por meia dúzia?

*Já não sem tempo, o próprio Senado aprovou emenda à Constituição que termina com o voto secreto em processos de cassação. Faltando a aprovação da Câmara Federal, após o que deverá ser sancionada pela Presidência da República.


4 comentários:

  1. Caro Dedé, quanto a isto estamos, todos os brasileiros, sem palavras.

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  2. Sem palavras, sem postura e sem vergonha, pois o que fizemos? tá tudo errado....tá tudo errado!!! Parabéns pelo blog,

    fraternalmente,

    Rodrigo Antunes

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  3. .Ótimo texto!Objetivo e de fácil compreensão,pois todos podem compreender mais um escândalo da política brasileira,inclusive vou utilizar seu texto em sala de aula ,assim que voltarmos.Concordo com você quando cita que "as palavras são palavras, nada mais do que palavras. O exemplo e as ações é o que, de fato, importam".E são esss mesmas ações que destroem a credibilidade,o projeto e consequentemente a esperança de melhora social.Bjs!
    Marcela Mendonça.

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  4. Então seu Dedé...
    É isso! Trocar seis por meia dúzia... Ou melhor, nada por zero! Essa é a nota que eu daria para a maioria dos nossos políticos.
    O senhor, como homem de comunicação sempre atualizado, poderia me explicar o fato de um Senador da República ser cassado por seus pares e não ser impedido de exercer a função de Procurador de Justiça? E não venha me dizer que uma coisa não tem nada a ver com a outra, por favor! Por acaso quem tem a capacidade negativa da falta de decoro no exercício de uma função pública eletiva, teria lisura necessária para ser um Procurador de Justiça? Pode até ser legal, mas , a meu ver, totalmente imoral.
    Coisas deste tipo acontecem em nossa terra e fazem com que pessoas de bem repudiem cada vez mais a classe política.
    Parabéns pela abordagem do assunto.
    Um abraço

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