A TERAPIA DA BOLINHA.
- Mesmo que o senhor não concorde, o jogo democrático está sujeito a esse tipo de ocorrência.
- Mesmo que o senhor não concorde, o jogo democrático está sujeito a esse tipo de ocorrência.
- Doutora, eu sei disso, mas também entendo que não era preciso chegar a esse ponto. A senhora não acha que agindo assim, os candidatos fragilizam a democracia?
-Seu Dedé, a minha opinião, aqui no consultório, não vem ao caso. Nossa conversa deve se manter em nível estritamente profissional.
Pois é, praticamente há uma semana para a votação, fui procurar a Dra. Ana Lisa, minha psicoterapeuta, em busca de algum equilíbrio para cumprir meu dever cívico. Em tempos de bolinhas de papel, bexigas d'água, "do bem" e "do mal", enfim, de vale tudo na campanha eleitoral, é preciso ter um respaldo psicológico.
- Certo - inspirei fundo e prossegui - Fiquei um tanto quanto desiludido durante esse período eleitoral. Se, de perto, ainda dá pra ver alguma luz no fim do túnel , de longe, minha visão da política brasileira está igual à minha miopia, ou seja, não vejo nada, é uma desesperança total.
- Talvez exista aí algum outro componente que provoque essa angústia, esse estado quase depressivo seu Dedé e isso é preocupante porque uma recidiva pode trazer sérias consequências.
- Não doutora Ana Lisa, até onde eu sei está tudo bem no profissional e pessoal.
- Aí é que está o problema. O importante é o que está além do que as pessoas sabem... O imperceptível, na terapia, é fundamental. Aquilo que está por trás das aparências, no inconsciente.
- Pelo jeito, minhas visitas à senhora vão se tornar mais constantes, é isso?
- Será melhor -ela disse. Concluí, então que estou mesmo fora do chamado ponto de equilíbrio - e completei:
- Bem, então vamos marcar para depois da eleição do segundo turno. Talvez já esteja me sentindo melhor, mesmo porque as bolinhas de papel, as bexigas d'água, os "do bem" e "do mal" estarão esquecidos e começarão os preparativos para o Natal e Carnaval... E, cá entre nós, bolinha de papel inesquecível só em música.
- Não entendi - disse ela encerrando nossa consulta.
Levantei do divã, cantarolando:
"Só tenho medo da falseta,
"Só tenho medo da falseta,
Mas adoro a Julieta como adoro
a Papai do Céu
Quero seu amor minha santinha
Mas só não quero que me faça de bolinha
de papel... "
de papel... "
"Bolinha de Papel", composição de Geraldo Pereira, em gravação de João Gilberto.
http://www.youtube.com/watch?v=ERIOaHSmO4c
http://www.youtube.com/watch?v=ERIOaHSmO4c
Então seu Dedé...
ResponderExcluirMe permite um "pitaco"?
Essa história... parece de menino que apanha na rua e vem chorar em casa. Tanto escarcéu por causa de uma bolinha, um rolo de fita, uma bexiga d'água...Sabe o que é isso? Falta absoluta de propostas concretas. Infelizmente essa campanha presidencial está mais parecendo campanha para síndico: "A gente assume e depois vê o que dá pra fazer".Sua angústia é a mesma que a minha e de milhões de brasileiros (claro que os dependentes do Bolsa-família, verdadeiro estelionato eleitoral, não estão entre esses milhões). Anular o voto é se anular como cidadão. O jeito é votar no menos ruim.E pra complicar,para mim, 13 não é um número de sorte.
Um abraço.
Ah! Agradeço o presente na voz de João Gilberto.
Caro Dedé...cadas
ResponderExcluirComo você costuma dizer, SENSACIONAL. Direto ao ponto. Como dizem, mata a cobra e mostra o pau. Xi, acho que exagerei. Em época de acusações mútuas devido a bolinhas de papel e bexigas d'água, mostrar o pau pode parecer agressão com violência excessiva. O que eu quis dizer, na verdade, é que você foi cirúrgico na colocação do tema e para que ninguém se perca em dúvidas (nem todos são contemporâneos da música, como nós) disponibilizou o link da prova. Ah, Julieta, já bastam Serra e Dilma. Não venha você também fazer-nos de bobos.
Oi Dedé.
ResponderExcluirOi Dedé.
Esta falta de propostas concretas e respostas às perguntas contundentes eles preferem ficar nesta briga de "crianças"
Se é posso chamá-los de crianças.
Tenho vergonha do que vejo.
Mas mesmo assim estou firme e vou votar.
Ainda tenho esperanças
Um abraço,
Vanessa Gomes
Anselmo disse...
ResponderExcluirEm resposta ao caso ventilado me salta a lembrança outra musica: “entre tapas e beijos”, é sempre assim, no momento os tapas são ouvidos ao som dos militantes enfurecidos defendendo seu candidato como se defende a própria vida. Ouvem-se tapas do Chefe Maior do Executivo, dos Presidentes de Partido e dos Candidatos. Ah, os Excelentíssimos Candidatos, os que falam, discursam, atacam, brigam, defendendo suas ideologias como se defende a família. Pena que tudo que se fala não diz respeito algum a família ou à vida do povo, da massa, pois após as eleições voltará o marasmo dos beijos, ou seja, todos se unindo em prol de um único resultado que na maioria das vezes não contempla nem este nem aquele eleitor.
Abraços
Anselmo
É Dedé....que bom seria se os problemas do Brasil se resumissem a “bolinhas de papel e bexigas d’água”
ResponderExcluirA troca de acusações ridículas de ambas as partes me faz pensar: é nisso que vou votar? Em dois adolescentes que estão brigando dentro da sala de aula? Em dois incompetentes que fingem não saber o que o brasileiro realmente quer ouvir e quer ver na prática?
Ah, é duro....sei que um dos dois estará na cadeira principal em poucos meses, mas sinceramente não sinto vontade de alguma de escolher.
Bjs