domingo, outubro 25, 2009

23/09/2009 A Velha Casa

E eu voltei a entrar na velha casa, talvez ainda procurando sentir, enxergar com os olhos do passado, as recordações, os “velhos fantasmas”. A sala da frente pintada e repintada, sem mais aqueles contornos laterais; os vidros nas janelas, não mais aqueles coloridos, desenhados. Agora, frios, transparentes, querendo mostrar a triste realidade. Junto à sala um quarto igualmente descaracterizado, cal sobre cal. Busquei, com olhos impacientes, as outras dependências: a sala de visitas, os outros dois quartos, a cozinha, o banheiro, a escada que descia ao quintal... nada! Quem comprou o imóvel, simplesmente o “cortou” pela metade, para que houvesse maior espaço disponível para a sucata. Sim, porque ali agora funcionava um ferro-velho, depósito de materiais usados para revenda. Decepção, tristeza, sei lá o que senti, algo intraduzível, como se faltasse um pedaço, um pedaço do meu passado. No quintal, ao fundo, emoção: o velho abacateiro com suas folhas tristes como a tudo assistir sem entender nada e uma terra preta, úmida, chorosa, a perguntar onde estão todos. Aqueles eram outros tempos, tempo de pouca fartura e muita alegria; tempo de amizades sinceras e pouca desconfiança; tempo de conversa e não de internet; tempo de muito amor e pouca falsidade.

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