quinta-feira, janeiro 05, 2012

A NEUROLINGUÍSTICA NO DIVÃ.
Foi só chegar, me instalar no divã do consultório de minha terapeuta, e comentar:
- Pois é Dra. Ana Lisa, mais um ano, as promessas de melhorar nisso ou naquilo, mas na realidade, parece que tudo continua como dantes. Nada mudou, retornamos à tradicional mesmice.
- Antes de mais nada, bom dia seu Dedé! Passou bem as festas de fim de ano?
- Ah! Bom dia... desculpe... Fiquei tão empolgado em iniciar nossa conversa, que até esqueci de manter a regra básica da boa educação - e respondi: - Foi tudo ótimo.
Dei um tempo antes de voltar ao assunto, enquanto me ajeitava melhor, e emendei:
- Como estava dizendo, quando entramos em um novo ano, com ele vêm aquelas mesmas promessas, novos projetos, porém, de concreto, a rotina já está se instalando.
- O senhor está sendo muito radical - ela disse. - Um tanto quanto pessimista, mesmo porque ainda estamos na primeira semana de 2012 e qualquer mudança que aconteça, deverá passar, é evidente, pelo nosso desejo de modificar o quadro atual.
- Já sei, já sei - falei, me sentindo impaciente, prevendo o que ela iria dizer.
- Inconscientemente, as pessoas criam resistência às mudanças - ela argumentou. - A vontade é essencial, é dessa forma que as coisas acontecem.
A doutora falava terapeuticamente e não para aconselhar, mesmo porque, li em algum lugar, nós só aceitamos conselhos quando eles vêm de encontro ao que faríamos de qualquer jeito. Eu estava ali em busca de explicações; para aprender a controlar emoções e comportamentos, entender e colocar em prática o que fosse melhor.
- Não adianta apenas mudar a forma de pensar - ela prosseguiu. - Além disso, é preciso também modificar o vocabulário.
- Como assim? - perguntei, quase caindo do divã.
- Por exemplo, o senhor percebeu quantas vezes usou o "mas", o "nada", o "porém"? Os gurus da neurolinguística nos ensinam que há determinadas palavras que estão ligadas diretamente à reações negativas e, pior, são usadas automaticamente. Perceba: "mas", "nada", "todavia", "não", "porém", negam tudo o que de positivo teríamos dito.
- Confesso, doutora, que não tinha a mínima idéia - eu disse - já recuperado do susto e completei: - Ainda bem que esta nossa conversa aconteceu agora, assim terei tempo para tentar realizar o planejado para este ano...
- Seu Dedé, não seria melhor tirar o "tentar" da frase? - ela me interrompeu, quase sorrindo, ao se levantar da poltrona encerrando a consulta.
Na saída, ouvi mais uma recomendação:
- Por favor, endireite os ombros, levante a cabeça, a postura também é importante na terapia.
...
Pensamento positivo, maior flexibilidade, novas atitudes, mudança no padrão de comportamento, inclusive o verbal, são as indicações de minha terapeuta e, agora, quase especialista em neurolinguística, a Dra. Ana Lisa.
FELIZ 2012.

5 comentários:

  1. Janeiro é mês de gastos. Férias, IPTU, IPVA, matrículas, material escolar e as prestações do Natal, entre outras despesas. É natural, portanto, um certo comedimento com os "recursos", claro. Mas tem gente que economiza muito além da imaginação, não é, Dedé...cadas? Vale a pena reparar no que disse a doutora sobre a necessidade de modificar o vocabulário. "Gastar" um pouquinho mais de palavras não seria nada mal. O conselho vale para todos, mesmo para aqueles cujo célebre "pãodurismo" é sobejamente conhecido, de São Paulo a Pós di Cardas, "né mess?" rsrsrsrs

    ResponderExcluir
  2. Oi Dedé!

    Feliz ano novo!
    Como sempre belo texto.
    Vamos fazer o que ela falou, não vamos tentar, vamos fazer.
    Desejo a você tudo de bom para 2012!

    Um abraço,


    Vanessa Gomes

    ResponderExcluir
  3. Então seu Dedé...

    Gosto dos Santos (da cidade e do time também, claro!), mas agora me refiro aqueles separados pelo Senhor para servir de exemplo de retidão e conduta à humanidade. Confesso que tenho uma queda especial por Santo Agostinho. Para ele, o tempo não tem realidade em si. É uma invenção do homem, constituído por três nadas: o passado, que não existe mais; o futuro, que ainda não existe; e o presente, tão fugaz que é uma mistura de passado e futuro. Em assim sendo, a mudança do ano não tem muita “novidade” a se esperar. Claro que precisamos nos agarrar em algo para fundamentar nossas expectativas para os próximos meses. E eu não sou diferente. Por exemplo: este ano minha proposta de vida é de superação. Isso mesmo. Farei o possível para superar meus medos e limitações. Abrirei minha mente para coisas novas, preferencialmente, úteis e divertidas. Colocarei em pauta o regime, mais cobrado pelos amigos do que por mim. A próxima segunda-feira me parece um dia apropriado... rsrs. Também programo a ida a uma academia para completar o ciclo “melhor aparência”. Bater pernas mundo afora, só ou com boa companhia, também está na pauta. Direi mais vezes “eu te amo” e, se necessário, “me perdoe”... Mesmo que a outra pessoa não possa ou não queira me ouvir. Quero rir mais do que chorei no ano passado e por fim, quero ter a certeza de que estas propostas são tão exequíveis que poderei renová-las no próximo ano.
    Tenha, caro amigo, um ano repleto de realizações. Aquelas que realmente importam pra você. Faça a sua parte e tudo mais o Senhor proverá!
    Feliz 2012.

    ResponderExcluir
  4. Realmente não nos damos conta do quão rico é o nosso vocabulário e é com esta riqueza que temos que trabalhar para nos expressar com maior vigor e direcionamento. Este lapidar da fala abre a possibilidade de que o nosso interlocutor possa, de alguma forma, entender corretamente o que queremos dizer e mais ainda, em alguns casos, que se sinta com vontade de defender as idéias que professamos. É claro que este é um jogo perigoso, pois podemos incutir na cabeça do terceiro algumas formas que só nos interessa ou ainda idéias que são nossas. Dependendo de quem escuta, o final disto pode ser trágico. Portanto, além deste trabalho da fala temos que nos atentar para a indicação correta do que se deseja objetivando sempre o direcionamento correto de cada informação.

    ResponderExcluir