Nos ensinam os dicionários que
orador é aquele que discursa em público, orador sacro é o que faz
sermões, um pregador.
Mas, como discurso e sermão não fazem parte de
nossa conversa, isto me induziu a trazer, para juntos compartilharmos, as
palavras de alguém que, certo dia, encontrou a iluminação espiritual. Um pagão,
filósofo, orador, um pecador, um ser humano, como todos nós imperfeito, que, por Graça Divina,
se converteu.
É dele, esta exegese sobre a Oração:
“Só no recolhimento de uma vida oculta é que
podemos gozar e amar a beatitude da verdadeira felicidade.
No recolhimento,
sobrevém aquela alegria genuína e profunda que nada tem com aquilo que
geralmente se chama alegria.
Bondade, amor, piedade, inocência do coração,
modéstia, domínio sobre ti mesmo – são coisas que deves possuir sempre: na vida
pública e na solidão; no meio dos homens e a sós contigo em casa; na conversa e
no silêncio; no trabalho e no repouso. Sempre deves conservar estas coisas – e
tudo isto está no teu interior. Entra no teu íntimo! Não vás para fora – entra
em ti mesmo! No homem interior é que habita a verdade.
No recesso da Alma racional, bem no homem interior, aí é que deves procurar
e implorar a Deus. É ali que ELE quis habitar.
Os homens clamam – ELE, porém,
ensina no silêncio.
Os homens falam com palavras – ELE, porém, fala com
pensamentos de discreto mistério. Fala ao espírito do homem, não exteriormente
pelo ouvido e pela vista, mas interiormente pelo coração.
Não é com palavras,
não é com letras que a Verdade costuma falar. Aos corações atentos, ela fala no
interior, ensinando sem ruído, iluminando com a Luz do Espírito. A oração é um
clamor da Alma e não da voz ou dos lábios. É no íntimo que soa este clamor – e
Deus o ouve.
Quantos são os que clamam com a voz - e são mudos no coração! Falar muito na
oração é lembrar desnecessariamente o necessário – ao passo que orar muito é
bater, com o Espírito perenemente piedoso, à porta daquele ao qual oramos.
E
isto se faz antes suspirando do que discursando, antes chorando do que falando.
Muito amor, não muitas palavras – seja esta a tua oração!”
E nada mais precisa ser dito.
Palavras de Agostinho, nascido em Tegaste, norte da África, atual Argélia,
em 354 e que a Igreja Católica santificou: Santo Agostinho. Converteu-se
cristão aos 32 anos.
Tornou-se monge, sacerdote, bispo.
Morreu aos 76 anos, em
Hipona, também na atual Argélia.
Então seu Dedé...
ResponderExcluirAh... O sábio Santo Agostinho.Aquele que define, como nenhum outro, o livre arbítrio, nos dá outra valiosa orientação."Só no recolhimento de uma vida oculta é que podemos gozar e amar a beatitude da verdadeira felicidade".
Ninguém é ou pode ser transparente o tempo todo. Somente a sua voz interior, vinda diretamente ao coração, conhece seus desejos, suas angústias, seus sonhos e limitações. Somente ela conhece a verdade da alma e suas histórias.
É coisa pra se pensar...
Um abraço!
Grato, "anônimo". Tuas palavras complementam essa postagem de forma brilhante. Abração.
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